segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Criação e opinião

Criar filhe não é fácil, são tantas formas possíveis de se realizar esta tarefa. Podemos utilizar de leituras, dicas de outras famílias, textos, psicólogos, intuição, etc para nos auxiliar e encontramos um jeito que seja satisfatório.
Mas não importa como for, a sua forma nunca vai estar certa se não for igual a de quem está por perto. Dá para captar os julgamentos no ar. Dá para captar as comparações no ar. Dá para sentir quando acham que você não sabe nada e sutilmente tentam te ensinar o jeito certo, porque aquela forma que você escolheu não faz a criança comer toda a comida do prato, aquela forma não faz ela sair logo da fralda, aquela forma não faz com que ela se cure da noite para o dia, aquela forma não faz com que ela durma a noite inteira no quarto dela, aquela forma na faz com que ela pare de pedir colo, aquela forma não faz com que ela pare de chorar instantâneamente.
E se a criar precisar ficar aos cuidados dos outros, sempre irão enaltecer como a criança faz coisas lindas e perfeitas enquanto você não está.
Mas calma, respire fundo! Confie em si, volte para casa e continue a seguir o coração e não, duvide do seu potencial de cuidar de seu filhe.
Para você, você está certa e eles errados! Para eles, você está errada e eles certos, é uma conta que nunca vai fechar, mas que no fim, por alguma magia matemática, dá certo!

domingo, 9 de outubro de 2016

Maternidade fora da caixa

Ser mãe é um desafio muito grande, desde a escolha da via de nascimento até a forma de cuidar e educar o bebê, criança, adolescente... Principalmente se você optar por formas "não convencionais".

Optar pelo parto normal já faz com que ganhemos olhares tortos e uma grande desconfiança das pessoas, pode-se até mesmo criar uma torcida para que você termine em uma cesárea.

O bebê nasce e então você opta por não receber visitas nas primeiras semanas ou carregar no sling, então você é egoísta.

Tá dando peito? Está sendo difícil? Dê mamadeira, é melhor que sofrer e o bebê vai dormir a noite toda. Amamenta depois dos 6 meses, 1, 2, 3 anos? Pra quê? O leite vira água, criança fica mal acostumada, não come, que horror esse peito de fora, é sem vergonhice!

Opte por não dar doces, porcarias ou refrigerante. Caos instaurado! A criança vira uma coitadinha que vai morrer de lombriga. Ah claro, você se torna a mãe chata (aliás, se tornou faz tempo).

Desfralde natural? Com 2 anos dicas e perguntas começam a eclodir de todos os lados, dependendo da escola, vem a pressão deles. Ah, use fraldas de pano e se torne a louca que prefere lavar fralda a fazer qualquer outra coisa e gastar toda água do mundo.

Escola! Com 1 ano ele já precisa socializar, tem que conviver com outras crianças, se optar por respeitar o tempo da criança em que a alfabetização é recomendada iniciar por volta de 7 anos, o seu filho vai ser atrasado e " burro".

Cama compartilhada? Pronto, você não transa! E a criança vai dormir pra sempre junto até 40 anos de idade.

No terrible two, quando você optar por ter paciência e muito diálogo, ninguém vai entender porque você não dá umas palmadas ou um calmante.

Acho que nem preciso falar sobre o observar antes de medicar, ou optar por homeopatia e técnicas alternativas.

Olhar para os outros nos distância de seguir à diante com nossas crenças pessoais em relação ao maternar.
É preciso encontrar rede de apoio que pense como você quando a pressão for muito grande, porque certamente em algum momento vai vir a dúvida sobre sua capacidade de maternar.

O mundo está muito plástico e encaixotado, viver fora dessa caixa requer muita informação e empoderamento.

Mas tenha certeza que vai valer à pena, você sairá mais fortalecida em sua própria vida pessoal, não vai aceitar conceitos prontos facilmente, vai se tornar mais questionadora e exigente.

Maternar conscientemente seguindo seus instintos e crenças pode ser um grande desafio, mas que vai valer à pena e será muito recompensador.

Quando pensar em desistir, faça um mergulho no seu interior e tome uma decisão conscientemente, nem sempre vamos conseguir levar todas as idealizações em frente, mas se algo não puder ser como o planejado, que venha de um lugar verdadeiro e não para ceder à pressão da sociedade. Aja de acordo com seus limites, se respeitando e respeitando o bebê/criança. Faz parte do empoderamento materno escolhas conscientes, seja para sair da caixa ou ficar dentro dela.

Que seja leve!

Por Egle Prema Shunyatta
Doula e Terapeuta Holística.


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Desmame e o corpo!

Iniciar o processo de amamentação é algo natural e espontâneo, esperado! O bebê nasce e então ele mama.
Ao longo de meses ou anos a mãe cede seu corpo para servir de alimento para o bebê, vira um restaurante ambulante. Muitas sentem imenso prazer e se entregam ao processo.

Mas o desmame um dia chega, seja liderado pela criança ou pela mãe, talvez até os dois juntos.

Quando o bebê nasce o corpo entende o que tem que fazer, produzir leite.

E  quando a criança desmama? O que será que o corpo entende? Como ele responde ao parar de produzir leite? Como a mente responde a este momento?

Desmamar é um marco na vida de uma mãe, pode ser suave, desejado. Pode ser abrupto e difícil.

O corpo irá responder de alguma forma os sentimentos em relação a este processo, talvez ele irá alertar para algum aspecto oculto.

Em 10 dias realizei dois atendimentos em mães com torcicolo, seria algo corriqueiro salvo pelo fato de que ambas haviam desmamado há alguns dias.

O que seria este sinal? Um convite para se olhar e entender essas mensagens ocultas?
Um convite para esse reencontro com o próprio corpo?

Que sentimentos o desmame gera? Culpa, ansiedade, alívio?

Olhar para os sintomas no corpo nos leva a conhecer o nosso interior e a lidar melhor com a nossa mente e a  enfrentar as mudanças de forma mais branda e com aceitação.

Hoje convido-as a olhar para este momento como desmame não só da criança, mas também seu, um momento de se reconhecer, se reencontrar e se permitir sentir a retomada do corpo para si e fazer o possível para que essa transição seja leve e consciente.

Por Egle Prema Shunyatta.
Doula e Terapeuta Corporal Holística.