domingo, 9 de outubro de 2016

Maternidade fora da caixa

Ser mãe é um desafio muito grande, desde a escolha da via de nascimento até a forma de cuidar e educar o bebê, criança, adolescente... Principalmente se você optar por formas "não convencionais".

Optar pelo parto normal já faz com que ganhemos olhares tortos e uma grande desconfiança das pessoas, pode-se até mesmo criar uma torcida para que você termine em uma cesárea.

O bebê nasce e então você opta por não receber visitas nas primeiras semanas ou carregar no sling, então você é egoísta.

Tá dando peito? Está sendo difícil? Dê mamadeira, é melhor que sofrer e o bebê vai dormir a noite toda. Amamenta depois dos 6 meses, 1, 2, 3 anos? Pra quê? O leite vira água, criança fica mal acostumada, não come, que horror esse peito de fora, é sem vergonhice!

Opte por não dar doces, porcarias ou refrigerante. Caos instaurado! A criança vira uma coitadinha que vai morrer de lombriga. Ah claro, você se torna a mãe chata (aliás, se tornou faz tempo).

Desfralde natural? Com 2 anos dicas e perguntas começam a eclodir de todos os lados, dependendo da escola, vem a pressão deles. Ah, use fraldas de pano e se torne a louca que prefere lavar fralda a fazer qualquer outra coisa e gastar toda água do mundo.

Escola! Com 1 ano ele já precisa socializar, tem que conviver com outras crianças, se optar por respeitar o tempo da criança em que a alfabetização é recomendada iniciar por volta de 7 anos, o seu filho vai ser atrasado e " burro".

Cama compartilhada? Pronto, você não transa! E a criança vai dormir pra sempre junto até 40 anos de idade.

No terrible two, quando você optar por ter paciência e muito diálogo, ninguém vai entender porque você não dá umas palmadas ou um calmante.

Acho que nem preciso falar sobre o observar antes de medicar, ou optar por homeopatia e técnicas alternativas.

Olhar para os outros nos distância de seguir à diante com nossas crenças pessoais em relação ao maternar.
É preciso encontrar rede de apoio que pense como você quando a pressão for muito grande, porque certamente em algum momento vai vir a dúvida sobre sua capacidade de maternar.

O mundo está muito plástico e encaixotado, viver fora dessa caixa requer muita informação e empoderamento.

Mas tenha certeza que vai valer à pena, você sairá mais fortalecida em sua própria vida pessoal, não vai aceitar conceitos prontos facilmente, vai se tornar mais questionadora e exigente.

Maternar conscientemente seguindo seus instintos e crenças pode ser um grande desafio, mas que vai valer à pena e será muito recompensador.

Quando pensar em desistir, faça um mergulho no seu interior e tome uma decisão conscientemente, nem sempre vamos conseguir levar todas as idealizações em frente, mas se algo não puder ser como o planejado, que venha de um lugar verdadeiro e não para ceder à pressão da sociedade. Aja de acordo com seus limites, se respeitando e respeitando o bebê/criança. Faz parte do empoderamento materno escolhas conscientes, seja para sair da caixa ou ficar dentro dela.

Que seja leve!

Por Egle Prema Shunyatta
Doula e Terapeuta Holística.


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